Levantamento da empresa de big data Hekima mostra que preocupação com nova propagação da doença ocorre em Estados que registraram mais casos no passado
Por: Jadyr Pavão Júnior12/04/2016 às 17:12 - Atualizado em 12/04/2016 às 17:48
Gripe: Eficácia da vacina contra o vírus não é tão alta em idosos quanto em adultos. Para melhorar esse quadro, idosos devem praticar atividade física(Thinkstock/VEJA)
Ainda que ofuscado pelo processo de impeachment, o vírus H1N1 está de volta ao Brasil e é assunto de brasileiros. Um estudo feito pela empresa de big data Hekima cruzou dados relativos a citações à gripe em redes sociais na semana passada com o número de casos registrados durante os surtos de 2009 e 2010. O resultado mostra coincidência: Estados com mais ocorrências da doença no passado tendem a registrar mais postagens sobre o assunto agora. A exceção é o Paraná, campeão de ocorrências de H1N1 em 2009 e que reduziu sensivelmente a presença da gripe no ano seguinte.
Os responsáveis pelo estudo chamam essa coincidência entre casos anteriores e comentários presentes de "ecos do passado". "Esses números mostram como o sofrimento social em 2009, seja com casos de doenças na família, seja pelo temor de contrair o vírus, ficou na memória coletiva dos cidadãos e se reflete agora, mesmo que passados cerca de sete anos", diz Anice Pennini, gerente de pesquisa e comunicação da Hekima.
O monitoramento de redes colheu 26.994 mensagens publicadas no Facebook e Twitter entre os dias 4 e 7 deste mês; dessas, 5.785 permitiram a localização geográfica de seus autores. Já os registros oficiais sobre a ocorrência de doenças vêm do Datasus, base de dados do governo federal. Para a pesquisa, foram coletados posts que usassem os seguinte termos: H1N1, influenza, SRAG, sindrome respiratória aguda grave, Tamiflu, gripe A, virus H1N1 ou gripe suína. Os 26.994 posts foram ainda divididos em três grupos, que ajudam a compreender a intenção de seus autores: 52% deles eram comentários sobre notícias acerca da doença, 32% repercutiam a volta da gripe e 16% falavam sobre cuidados à saúde.
Os dados vindos das redes não permitem fazer previsões sobre novos surtos pelo país. Mas a análise de dados tem sido usada em alguns casos com essa finalidade. No livro Big Data, de 2013, o professor de Oxford Viktor Mayer-Schönberger, em parceria com Kenneth Cukier, recupera a história da tentativa do Google e das autoridades de saúde dos Estados Unidos de prever um surto de gripe pelo território americano em 2009. A ideia era usar as pesquisas feitas no buscador por milhões de usuários para prever onde o vírus circulava: com os primeiros sintomas, os americanos recorriam ao Google para entender os sinais da doença antes mesmo de procurar os médicos. A tal doença: H1N1.
(VEJA.com/VEJA)
Matéria retirada do site:
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