Braskem fechou um acordo para importar dos EUA o shale gas, o chamado gás de xisto, que revolucionou a indústria global por derrubar os custos de produção
21/03/2016 às 08:57 - Atualizado em 21/03/2016 às 09:44
Refinaria da Braskem em Mauá, São Paulo(Reinaldo Canato/VEJA)
A Braskem viveu uma queda de braço com a Petrobras, sua principal fornecedora e segunda maior acionista, por quase três anos. A petroquímica tentava a todo custo costurar com a estatal um acordo de longo prazo para o fornecimento de nafta - derivado de petróleo que é a principal matéria-prima para o eteno, produto básico da cadeia do plástico. A batalha terminou em dezembro, mas com um acordo só para cinco anos.
Para reduzir sua dependência do insumo - e, consequentemente, da própria Petrobras, que fornece 70% de toda a demanda da petroquímica -, a Braskem decidiu diversificar: acaba de fechar um acordo para importar dos Estados Unidos o shale gas, o chamado gás de xisto, que revolucionou a indústria global por derrubar os custos de produção.
O projeto exigirá um investimento de 380 milhões de reais e o produto será fornecido pela Enterprise Products, a mesma distribuidora que atende as fábricas da petroquímica brasileira nos EUA. O gás importado vai abastecer até 15% da fábrica de Camaçari, que se tornará uma unidade "flex", capaz de utilizar gás ou nafta na produção.
A definição sobre o insumo usado em uma indústria petroquímica é um tema sensível. Cerca de 75% do custo de produção do eteno vem da nafta. "A nafta perdeu competitividade em relação ao gás. Mas esperamos períodos de volatilidade no preço do insumo, e a fábrica de Camaçari terá flexibilidade para aproveitar esses momentos", afirmou o vice-presidente da unidade de petroquímicos básicos da Braskem, Marcelo Cerqueira.
Hoje, dos quatro polos produtivos da Braskem no Brasil, três são movidos a nafta. O único que utiliza gás é o de Duque de Caxias, no Rio, que responde por 15% da produção brasileira. A fábrica é abastecida com gás nacional e não opera a 100% da capacidade justamente pela falta de insumo brasileiro, explica Cerqueira. Com a parte da fábrica de Camaçari que será flex, a representação do gás poderá subir para 20% da produção nacional da Braskem.
Para o analista do Citi, Nuno Pinto, mais que reduzir custos com a troca de insumos básicos, a importação de gás poderá ser, no futuro, um instrumento de barganha entre a Braskem e a Petrobrás. "Ninguém quer estar na mão da Petrobrás. Se amanhã eles decidirem aumentar o preço da nafta, como já fizeram, a rentabilidade da Braskem pode cair de forma significativa."
Investimentos - Para receber o gás importado, a Braskem terá de fazer investimentos no seu terminal no Porto de Aratu (BA), em um trajeto de 30 km de dutos que ligam o porto à fábrica, e criar um sistema de regaseificação na unidade. As obras na fábrica serão feitas em outubro, quando está programada uma parada para manutenção, mas o porto só estará apto para receber o gás americano em outubro de 2017.
Segundo Cerqueira, há possibilidade de transformar até 30% da planta em um sistema "flex". A obra para dobrar essa capacidade deve ocorrer só em 2019. A adaptação de outras unidades da Braskem no Brasil para receber o gás importado é tecnicamente mais difícil, pois elas estão mais distantes do mar.
(Com Estadão Conteúdo)
Matéria retirada do site:
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