26 Fev 2016 Dírcia Lopes
A Portugal Fresh quer atingir dois mil milhões de euros de exportações até 2020.
A Portugal Fresh anunciou ontem que a exportação de pera rocha para a Alemanha através da cadeia Lidl atingiu números recorde. Em menos de dois anos, o volume duplicou para as 7,5 mil toneladas. Este é apenas um dos exemplos da aposta ganha no mercado externo do sector das frutas, legumes e flores. A ambição para 2020 é revelada por Manuel Évora, que preside à entidade: atingir os dois mil milhões de euros nas vendas no exterior.
A Portugal Fresh nasceu em 2010. Qual a estratégia que definiram para o sector das frutas, legumes e flores?
A aposta da associação tem sido a promoção conjunta dos produtos portugueses reforçada numa imagem colectiva da marca Portugal. Neste momento, a cooperação empresarial das empresas portuguesas é uma realidade. Numa primeira fase, a Portugal Fresh fez uma aposta declarada no mercado internacional o que permitiu uma visibilidade interna invejável. Muitas vezes temos que ser muito bons lá fora para nos darem crédito cá dentro. A caminhada importantíssima de abertura de novos mercados internacionais, a presença nos eventos de relevo do sector, em diferentes geografias mundiais, a organização cirúrgica de missões empresariais directas e inversas têm sido as apostas chave. Há eventos muito importantes em que participamos consecutivamente há vários anos. Hoje a associação conta com mais de 80 associados, que maioritariamente são organizações de produtores, representando bem mais de três mil agricultores.
Quais os produtos que já se destacam no exterior?
As exportações portuguesas são uma aposta ganha. Os números falam por si. Na internacionalização efectiva das empresas hortofrutícolas ainda temos muito a percorrer. Há excelentes exemplos de internacionalização de empresas portuguesas do sector, mas são ainda muito poucos. São escassos os exemplos de empresas com escritórios e produção noutras geografias do mundo. Em relação aos produtos exportados a pera rocha continua a ser o produto com maior valor de exportação e maior volume. São cerca de 100 mil toneladas que se destinam por ano ao mercado externo e há uma tendência de crescimento nos próximos anos. Acresce destacar o crescimento da framboesa que em termos de valor já é o segundo produto.
E já há mercados externos com maior peso?
Os mercados mais relevantes são a Espanha, França, Países Baixos e Reino Unido que são os únicos destinos que representam mais de 10%, em valor, do destino das exportações do sector. Existem mercados como a Alemanha onde ocorreu um crescimento, no último ano, superior a 150%. É evidente que os mercados que remuneram melhor os nossos produtos são aqueles em que as empresas portuguesas têm que privilegiar as vendas. Há que saber seleccionar mercados e clientes que possam valorizar condignamente a excelência dos nossos produtos que são reconhecidamente diferenciadores.
Mas há mercados ainda com potencial de crescimento…
É absolutamente estratégico apostar em países como a Alemanha, o México, a Colômbia e a China. Exportamos muito pouco para a Alemanha, principal comprador de frutas e legumes na Europa, com quase 13 mil milhões de euros. Temos uma enorme oportunidade de aumentar as exportações neste importante mercado. De 2014 para 2015 aumentámos mais de 150% as exportações para a Alemanha e mesmo assim continuamos a representar menos de 1% das importações de frutas e legumes daquele país. Países como o México onde há mais de 120 milhões de consumidores fazem deste mercado um objectivo importante e crucial. Também a Colômbia com cerca de 50 milhões de habitantes, onde já há possibilidade de exportação de maçãs e peras e é estratégico para os produtores portugueses até pela reconhecida presença de um dos maiores retalhistas nacionais. A China apesar de ser um mercado com negociações muito difíceis nas questões das barreiras alfandegárias é uma enorme oportunidade para a exportação de algumas das frutas. O Governo de Portugal através dos seus organismos públicos está a fazer um enorme esforço de diplomacia económica para chegarmos a bom porto num futuro próximo.
Nesta aposta já é visível o contributo das empresas do sector para a economia? O ano de 2015 foi de crescimento?
O sector das frutas, legumes e flores tem demonstrado um desempenho notável no mercado internacional com um crescimento de 41% desde a criação da Portugal Fresh em 2010. Este é um sector com uma enorme dinâmica exportadora, onde as exportações representam quase 50% do valor da produção, que se situa nos 2.400 milhões de euros. No ano de 2015 e com valores indicados pelo Gabinete de Planeamento e Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura houve um crescimento das exportações a Outubro de 13% face ao período homólogo em 2014, o que vem demonstrar a dinâmica exportadora deste sector muito acima da média da economia portuguesa e mesmo do sector agroalimentar. A estimativa das exportações de frutas, legumes e flores totais em 2015 baseada em dados de Outubro poderá levar a uma projecção de 1.200 milhões de euros. Um dos grandes desígnios nacionais é duplicar as exportações para dois mil milhões de euros em 2020.
E em termos de equilíbrio da balança comercial?
No ano da criação da Portugal Fresh exportávamos um total de 62% do valor importado e, em Outubro de 2015, atingimos os 97% o que preconiza uma proximidade real e breve de chegar ao equilíbrio da balança comercial.
Matéria retirada do site:
Link encurtado: http://adf.ly/1Xfe3d/diversos-temas
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