The Lancet analisou, pela primeira vez, dados sobre aleitamento materno em 153 países
DE A TRIBUNA ON-LINE
30/01/2016 - 17:51 - Atualizado em 30/01/2016 - 17:52
O Brasil se mantém como país referência mundial em aleitamento materno, e numa posição de destaque em relação a países de renda alta como Estados Unidos, Reino Unido e China. A conclusão é da renomada revista científica britânica The Lancet, que divulgou nesta sexta (29), em Washington D.C. (EUA), sua nova série sobre aleitamento materno. Trata-se do mais abrangente estudo comparativo na área: pela primeira vez, a publicação analisou dados de aleitamento materno de 153 países, e concluiu que mais investimentos em amamentação poderiam representar um acréscimo de $ 300 bilhões à economia global - e, mais do que isso, salvar a vida de pelo menos 800 mil crianças por ano em todo o mundo.
Em outubro de 2015, a The Lancet já havia anunciado que a redução na mortalidade infantil no Brasil foi 20% maior que a média mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Num dos dois artigos sobre o Brasil publicados na nova série, é destacada a evolução histórica do país no tema do aleitamento: em 1974 as crianças eram amamentadas, em média, por dois meses e meio, e 32 anos depois este número subiu para 14 meses. Em 1986, apenas 2% das crianças de até 6 meses recebiam exclusivamente o leite materno e em 2008 essa taxa saltou para 41%. Ao contrário do Brasil, que trouxe crescimento constante com o passar do tempo, vários países analisados apresentaram queda nos dois números, como a China, que teve redução de 5%.
O documento cita ainda a regulamentação da lei da amamentação, que limita a comercialização de substitutos do leite materno e incentiva a licença maternidade de 24 meses e os processos sistemáticos de certificação dos hospitais “Amigos da Criança”, assegurando padrões de qualidade e treinamento dos profissionais de saúde. Os artigos mencionam também a rede de bancos de leite humano em mais de 200 hospitais que garantem a amamentação a milhares de crianças todos os anos. “Estamos satisfeitos com as nossas conquistas nessa área e vamos continuar avançando para promover um futuro ainda melhor e mais saudável às nossas crianças e mamães”, comemorou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.
Benefícios
Crianças que são amamentadas por mais tempo têm melhor desenvolvimento intelectual (um aumento médio de 3 pontos no QI), o que pode melhorar o desempenho escolar e, a longo prazo, aumentar a renda. Além disso, a cada ano que uma mãe amamenta, o risco de desenvolvimento de câncer de mama invasivo é reduzido em 6%.
Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções, diarreias e alergias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido e fica menos tempo internado. O aleitamento materno também diminuiu o risco de doenças como hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade e colesterol. O benefício também se estende à mãe, que perde peso mais rapidamente após o parto e ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, o que diminui risco de hemorragia e anemia.
Além disso, uma série de evidências científicas mostra que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a OMS e a Unicef, cerca de seis milhões de crianças são salvas por ano devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva. O leite materno tem tudo o que a criança precisa até os seis meses, inclusive água.
Matéria retirada do site:
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