6 ABR2016
15h55
atualizado às 15h55
Uma parcela entre 15% e 20% dos deputados federais decidirá a respeito do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff somente nas últimas 48 horas antes da votação, de acordo com o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Em entrevista a O Financista, Aécio afirmou que o impeachment “dependerá da ventania final”.
"Novas eleições desviam a atenção da plateia para quem não tem coragem de assumir uma posição pró-impeachment", diz Aécio NevesFoto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil/Fotos Públicas / O Financista
“Se no dia da votação a expectativa for a de que a presidente pode realmente cair, esses 15%, 20% irão nessa linha. E [essa lógica] serve para o inverso”, destaca o senador tucano. O ex-presidenciável também disse que a incerteza em relação ao resultado irá “até o limite”, mas lembrou que Dilma – com ou sem o afastamento – sairá desse processo mais frágil e sem autoridade.
Para Aécio Neves, o único caminho “viável e constitucionalmente previsto” para as novas eleições começa com a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Qualquer outra opção, segundo o senador, é utópica e fragiliza a tese do impeachment: “Você acha que é possível convencer o Congresso inteiro a renunciar a seu mandato? Essa é uma tese de quem quer, de alguma forma, votar contra o impeachment ou precisa votar contra isso”.
Questionado a respeito da margem ainda considerável de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas pesquisas eleitorais, o senador acha que a rejeição de Lula é “difícil de ser superada” e que, neste momento, qualquer análise trará distorções, devido à distância do processo eleitoral.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:
Nesta terça-feira (6), o senhor criticou a ideia das novas eleições e disse que seria uma alternativa “criativa e utópica”. Por que as eleições não podem representar uma solução?
O único caminho viável e constitucionalmente previsto para as novas eleições é a partir da cassação da chapa pelo TSE. Qualquer outra possibilidade é utópica e inversionista, porque fragiliza a tese do impeachment. Essa opção é inviável. Você acha que é possível convencer o Congresso inteiro a renunciar a seu mandato? Essa é uma tese de quem quer, de alguma forma, votar contra o impeachment ou precisa votar contra isso. As novas eleições desviam a atenção da plateia para quem não tem coragem de assumir uma posição pró-impeachment.
[A cassação pelo] TSE pode ser uma saída, mas não temos um controle do tempo. Pode acontecer daqui a três, seis, nove meses. E o Brasil aguenta? Por isso que nós, mesmo não considerando o impeachment a solução ideal, é ele quem resolve o problema emergencial, que é a permanência de Dilma e a consequência paralisia do Brasil.
Não só o PMDB, mas o PP e os outros partidos vêm dando sinais de que não estão chegando a um consenso sobre como votarão o processo de impeachment. De que forma isso dá fôlego à presidente?
A forma como a presidente está agindo, com a entrega de espaços e de poder para conseguir os votos (esse mercado persa no qual transformaram a política brasileira), pode até transformar uma vitória em uma eventual derrota. Porque se a presidente ainda tem alguma credibilidade, ela vai embora com esse tipo de recurso. Conquistar votos não significa conquistar condições de governabilidade. Acho que o governo está jogando fora o resquício de alguma autoridade que pudesse ter. Governar da forma como está se propondo – em uma feira livre de cargos - debilita o País. A presidente precisa, mais do que conseguir votos, resgatar credibilidade.
De maneira geral, o Impeachment esfriou?
O impeachment dependerá da ventania final - das ultimas 48 horas. Uma parcela que eu calculo entre 15%, talvez 20% do parlamento da Câmara se moverá em razão do resultado final. Se, no dia da eleição, a expectativa for a de que a presidente pode realmente cair, esses 15%, 20% irão nessa linha. E isso serve para o inverso. Se a sensação for a de que a presidente conseguirá se manter um pouco mais, esse lado vota com quem vai ganhar. Não dá para antecipar muito o cenário, vamos até o limite com essa incerteza em relação ao resultado. Mas com uma certeza: com esses métodos, ela sai desse processo, (mesmo sem o afastamento), ainda mais frágil do que está hoje, porque perde o que é essencial para qualquer governante: a autoridade. Isso ela não consegue mais resgatar.
Em relação às últimas pesquisas de intenção de voto, Marina Silva (Rede Sustentabildiade) aparece na liderança, mas o ex-presidente Lula também conta com uma margem de votos considerável. Na sua opinião. quem preocupa mais?
Acho muito bom que a Marina tenha uma boa pontuação. Mesmo nas ultimas pesquisas, ela tem hoje menos pontuação do que tinha quando começou a campanha para a eleição em 2014. E eu tenho mais votos do que tinha quando iniciei minha campanha. Isso mostra que há, hoje, uma crise política no País e que ninguém cresceu nesse vácuo. Acho que a rejeição do ex-presidente Lula é difícil de ser superada, mas se você fizer uma análise hoje - distante do processo eleitoral - claro que trará distorções. O consenso das pesquisas é que há um desgaste da classe política e, no momento da eleição, que venha quem conseguir uma conexão maior com a sociedade.
Matéria retirada do site:
Link encurtado: http://adf.ly/1Z90WV/diversos-temas
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