Fatia de companhias que fracassaram na recuperação judicial aumentou de 25% em 2014 para 38% no ano passado, diz instituto
29/02/2016 às 09:06 - Atualizado em 29/02/2016 às 09:24
Sem acesso ao crédito e com o consumo em queda, companhias não conseguem aprovar planos de recuperação(Istock/VEJA)
A forte retração da economia acelerou a quebra de empresas que entraram em recuperação judicial em 2015. Sem acesso ao crédito e com o consumo em queda, elas não conseguiram aprovar planos de recuperação - ou não cumpriram a legislação - e entraram em falência. Dados do Instituto Nacional de Recuperação Empresarial (Inre) mostram que a fatia das que fracassaram na recuperação judicial aumentou de 25%, em 2014, para 38%, em 2015.
No ano passado, 1.267 empresas recorreram à Justiça para tentar se recuperar e entrar num acordo com credores - um aumento de 45% comparado a 2014. Segundo o Inre, os setores mais afetados foram comércio, serviço e indústrias. "O ambiente empresarial piorou muito no último ano, com escassez de crédito e a queda na confiança do brasileiro", avalia o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo,
Carlos Henrique Abrão, conselheiro fundador do instituto.
Para 2016, ele avalia que o cenário é de contínua alta do número de empresas em recuperação judicial e falência. "O retrato dos dois primeiros meses do ano comparado a 2015 mostra que já houve um aumento de 17% nas recuperações e 25% nas falências." O desembargador afirma que, no último ano, um movimento que surpreendeu foi o da falência de empresas maiores em recuperação judicial. Normalmente, diz ele, essas companhias têm mais "gordura" para queimar num processo de recuperação.
O gerente executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, afirma que, num ambiente de encolhimento da demanda, não é nada fácil uma empresa em recuperação de competir com uma saudável. "Não temos levantamento sobre falência no setor, mas nas sondagens percebemos que condições financeiras, como faturamento e lucratividade são as piores dos últimos tempos", diz.
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