23.02.2016 | 12h23
A vendedora que tem um quiosque na Avenida há cinco anos, disse estar com zika
Jefferson Eduardo/ MidiaNews
A vendedora ambulante, Dulciene Ventureli, de 49 anos, que trabalha com venda de salgados na Avenida Beira Rio
JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO
A ambulante Dulciene Ventureli, de 49 anos, que trabalha com venda de salgados na Avenida Beira-Rio, em frente à Universidade de Cuiabá (Unic), se acorrentou em protesto contra a decisão da Prefeitura de Cuiabá de retirar definitivamente todos os quiosques do local.
A vendedora, que tem um quiosque na Avenida há cinco anos, disse estar com zika. Ela se recusa a se alimentar e a sair do local até que a prefeitura dê permissão para que voltem a trabalhar.
“Eu não vou sair daqui até que eles liberem a gente pra trabalhar. Eu estou com zika. Se for preciso ficar uma semana ou um mês aqui, eu vou ficar”, disse, emocionada.
“Aqui não tem bandido. Os alunos nos conhecem, nós trabalhamos das 6h da manha às 10h da noite. É daqui que tiramos nosso sustento. Eles simplesmente tiram a gente e mandam procurar emprego como se fôssemos vagabundos”, reclama.
Jefferson Eduardo/MidiaNews
“Aqui não tem bandido. Os alunos nos conhecem, nós trabalhamos das 6h da manha às 10 h da noite
Dulciene ainda conta que a prefeitura anunciou que não ia retirá-los do local, que iria apenas reduzir o número de ambulantes. Ela ainda questiona o fato da prefeitura se preocupar com paisagismo na Avenida, enquanto há blocos de concreto instalados no centro da capital.
“Aqui nós somos todos pais de família, estamos esperando a boa vontade do prefeito Mauro Mendes e dos secretários. Eles haviam conversado com a nossa presidente da associação e prometido que iam reduzir nosso número, mas que iam deixar a gente trabalhar” contou em lágrimas.
“Eles disseram que aqui vai ser revitalizado e será feito um paisagismo. Aí eu pergunto: por que não fazem um paisagismo no centro de Cuiabá, que está cheio de blocos de concreto impedindo a passagem dos pedestres e causando acidentes”.
O vendedor Ronaldo Aparecido, de 46 anos, trabalha há três anos na Avenida e conta que todo o sustento da família vinha de sua barraca.
“Minha família inteira trabalha aqui comigo, somos em quatro pessoas. Todo nós tiramos nosso sustento daqui. Já estamos ha três meses parados. Por isso que se chega a essa situação desesperadora, porque as contas vão vencendo e nós não temos como pagar”, disse.
Quatro projetos recusados
Os vendedores ambulantes estão na Avenida Beira Rio há mais de 12 anos. No total eram ceca de 25 barracas.
A presidente da Associação Cuiabana de Comida de Rua, Marlene Rodrigues, contou em entrevista ao MidiaNews que existe uma lei que permite a permanência dos vendedores no local, mas já se passaram seis meses e o decreto regulamentando-a ainda não saiu
Jefferson Eduardo/MidiaNews
A presidente da Associação Cuiabana de Comida de Rua, Marlene Rodrigues, contou que existe uma lei estabelecendo a permanência dos vendedores no local
“Isso mostra a má vontade do prefeito Mauro Mendes com todo o seu secretariado insensível. Porque desde o ano passado eu estou indo de secretaria em secretaria e entreguei quatro pastas na mão do secretário-adjunto de Governo. Quando eu conversei com os secretários, todos eles disseram que não receberam nenhuma pasta”, disse.
A presidente conta que nas pastas havia quatro propostas ao Governo e à Prefeitura.
“Eu fui até a Prefeitura e apresentei ao então prefeito interino, Aroldo Kuzai, um projeto que reduzia o numero de ambulantes no local. Que fossem deixados apenas os 12 mais antigos e ele concordou. Um dia antes de entregar a Prefeitura, ele me ligou dizendo que o secretariado havia o projeto achado viável e pediu que eu ligasse para o Domingos Sávio. Mas quando liguei, ele se recusou a nos receber enquanto não saísse o decreto”, informou.
“Nós vamos acampar. Vamos atrás do pessoal dos Direitos Humanos e vamos até o governador se preciso for”, finalizou.
Outro lado
O secretário de Ordem Pública de Cuiabá, Coronel Henrique de Souza, informou ao MídiaNews que não tem mais a possibilidade de os vendedores permanecerem na Avenida, uma vez que a permanência estava atrapalhando o trânsito e a passagem de pedestres.
“Isso já foi negociado com os ambulantes com antecedência. Tem um ano que eles vêm sendo notificados. No local está sendo feita uma revitalização para que aquela área inteira seja melhorada”, disse.
“O ano inteiro passado foi trabalhado isso com eles. Talvez eles não acreditassem que ia acontecer de fato. Tenho todas as notificações aqui. Me reuni com eles várias vezes”, disse.
O secretário ainda informou que os vendedores que ficam naquela área nunca tiveram permissão para estarem ali.
Marcus Mesquita/MidiaNews
“O ano inteiro passado foi trabalhado isso com eles. Talvez eles não acreditassem que ia acontecer de fato", disse o secretário
“Eles já estavam lá há muito tempo sem uma permissão da prefeitura. Então só pode alguém trabalhar assim com uma permissão e mesmo assim não é permanentemente”, informou.
No local está sendo feito uma obra de paisagismo, em que os canteiros centrais estão sendo revitalizados. Em seguida serão feitas calçadas adaptadas a pessoas portadoras de deficiência física.
O secretario ainda afirma que nunca recebeu nenhum projeto por parte da associação, mas informa que não caberia a ele resolver essa situação.
Matéria retirada do site:
Link encurtado: http://adf.ly/1XNBD7/diversos-temas
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