Atualizado: 27/02/2016 22h33m
A segunda obra de mobilidade urbana mais cara da Copa do Mundo de 2014, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Cuiabá, já consumiu mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos e ainda não chegou nem na metade. O atual governo de Mato Grosso teve que paralisar os trabalhos e contratar uma auditoria diante das evidências de irregularidades e superfaturamento existentes em seu contrato e execução. A obra tem denúncia de direcionamento na licitação, pagamento de propina de R$ 80 milhões, má execução técnica e, agora, a compra inútil de 56 vagões de trem que não terão utilidade no sistema.
Oito composições do VLT, com sete vagões cada, foram compradas sem necessidade pelo ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), que atualmente se encontra na cadeia, preso na esteira de uma investigação da Polícia Federal sobre fraudes em seu governo. No total, o equipamento inútil custou R$ 120 milhões aos cofres públicos.
É o que mostra relatório da consultoria KPMG, contratada pela atual administração. O relatório aponta que 32 composições, com 224 módulos, seriam suficientes para operar todo o sistema de transporte, de 23 quilômetros, mas Silval Barbosa comprou 40. O estudo esclarece que padrões internacionais estabelecem que não é possível colocar trens para rodar em um sistema com intervalos inferiores a três minutos.
Assim, a julgar pela quilometragem do sistema a ser implantado em Cuiabá, seria impossível fazê-lo funcionar com mais do que 29 composições. Considerando que três composições poderiam ter sido adquiridas a título de reserva, restam ainda oito composições, ou 56 vagões, que foram adquiridas sem utilidade alguma. Mesmo quando a obra ficar pronta, o que só acontecerá, segundo cálculos do governo atual, a partir de 2020, essas composições serão inúteis. Foi dinheiro jogado fora.
De acordo com o secretário estadual de Assuntos Estratégicos do atual governo de Mato Grosso, Gustavo Oliveira, a consultoria também revelou erros em outros projetos, mas o governo ainda vai aguardar a versão final do documento, que deverá ser entregue no dia 4 de março, para decidir o que fará com as composições extras.
Embora aponte uma série de erros na contratação e execução da obra do VLT, Oliveira não afirma que houve má-fé na compra excessiva de vagões. "Não sei o motivo da compra. Mas a verdade é que a obra foi feita às pressas, sem os devidos estudos, sem pensar no sistema de transporte da nossa capital integradamente. Aprovaram a obra correndo para dar tempo de colocar no programa da Copa do Mundo. Deu no que deu", resume o secretário.
De fato, parlamentares que levaram a cabo a aprovação da obra na Assembleia Legislativa de Mato Grosso chegaram a dizer que o fizeram "na euforia do momento da Copa do Mundo." E, conforme o UOL Esporte revelou já em julho de 2011, o principal defensor da construção do VLT em Cuiabá, o então presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD), o fazia por motivos políticos, e não técnicos. Hoje, Riva, assim como o ex-governador Silval Barbosa, é inquilino do Centro de Custódia de Cuiabá.
Obras paradas
As obras do VLT estão paralisadas desde dezembro de 2014. Graças a um acordo judicial realizado para que a obra possa ter seguimento sem contestações nos tribunais, o governo tem até o dia 29 de março para entregar à Justiça Federal o estudo técnico de viabilidade de implantação do modal.
A empresa KPMG Consultoria, contratada em novembro de 2015 por R$ 3,08 milhões, realiza estudos que devem apontar a viabilidade do modal, além do cronograma para conclusão da obra, valor tarifário e dinheiro necessário para a finalização do projeto.
Até agora o governo já pagou R$ 1,06 bilhão dos R$ 1,477 bilhão previstos em contrato para o Consórcio VLT. A previsão é de que outros R$ 630 milhões, no mínimo, sejam necessários para concluir a empreitada.
Matéria retirada do site:
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