FEVEREIRO 1ST, 2016
Com base em imagens de satélite e no tipo de destruição registrada em Porto Alegre após a tempestade da última sexta-feira (29), especialistas acreditam que o que varreu a cidade foi um fenômeno conhecido como “downburst”, ou, na literatura técnica nacional, “explosão atmosférica”. Apesar de as estações meteorológicas terem registrado ventos de 120 km/h, os estudiosos acreditam que rajadas de 150 km/h atingiram a capital, especialmente no parque Marinha do Brasil, às margens do Guaíba, onde centenas de árvores foram arrancadas.
“Trata-se de uma corrente de vento descendente violenta que, ao alcançar a superfície, se expande de forma radial com vento destrutivo e com força até de tornado”, explica o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall.
Segundo ele, Porto Alegre foi atingida entre 22h e 22h45 da última sexta-feira por uma tempestade severa. O temporal encontrou uma superfície muito abafada – a temperatura máxima daquele dia foi 39,3ºC – , o que tornou o ambiente propício à forte tormenta.
Embora seu poder destrutivo possa ser comparado ao de um tornado, o “downburst” dura mais e atinge uma área muito maior. “Os danos alcançaram o centro da cidade, e as zonas leste, sul e norte com quedas de árvores em dezenas de bairros”, disse Nachtigall.
“Os piores danos se concentraram em uma área ampla dos bairros Praia de Belas e Menino Deus. O fato de ter havido estragos difusos por quase toda a cidade e a duração do vento intenso afasta a possibilidade de que um tornado tenha varrido Porto Alegre, uma vez que este tipo de fenômeno determina vento extremo de curta duração e em uma área muito delimitada”, avalia o meteorologista.
Após toda destruição, os moradores da cidade têm questionado as autoridades sobre uma possível falha no alerta preventivo. Entretanto, o meteorologista explica que fenômenos severos como o que afetou Porto Alegre só são alertados de 15 a 60 minutos antes, em todo o mundo. “Este tipo de fenômeno é considerado por técnicos nos Estados Unidos como de previsão mais difícil que um tornado”, salienta.
Fonte: Jornal do Comércio www.jconline.com.br
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