Pesquisa da CNC indica que hoje, que tem dívidas em atraso precisa de 64,3 dias para quitar débito. Em fevereiro do ano passado, levava 60,5 dias, o que sinaliza que a inadimplência pode crescer nos próximos meses
Valéria Rodrigues
Marcos Santos/USP
Publicado hoje às 13:13
Quem está endividado está precisando de mais tempo para honrar os compromissos. A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada nesta quinta-feira (25), apontou que o tempo médio para pagamento em atraso passou de 60,5 dias em fevereiro do ano passado, para 64,3 dias neste ano.
Para a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), isso sinaliza tendência de aumento da inadimplência, uma vez que dias e meses vão passando sem que o consumidor tenha condições de pagar as contas em atraso.
“Isso indica que, provavelmente, a gente deve observar o aumento da inadimplência ainda nos próximos meses”, afirmou Marianne Hanson, economista da CNC. Ela explicou que o aumento do desemprego observado nos últimos meses, (dados do IBGE apontam um avanço de 0,7 ponto percentual no número de desempregados na passagem de dezembro para janeiro, para 7,6%) e a perda de renda do trabalhador estão diretamente relacionadas ao aumento da inadimplência. Outro fator apontado foi o aumento da taxa básica de juros no último ano, atualmente em 14,25% ao ano, que encareceu e reduziu o crédito na economia.
A pesquisa aponta ainda que os brasileiros com menor poder de compra (até 10 salários mínimos) são os que mais sentem dificuldades para efetuar os pagamentos. O indicador sinalizava em fevereiro do ano passado que 7,3% das famílias dessa faixa não teriam condições de pagar as dívidas, hoje são 10,1%. Entre os que tem rendimentos acima de 10 salários mínimos, a variação é bem menos significativa, de 0,3 ponto percentual, passou de 2,7% para 3% nessa passagem de tempo.
Além disso, a Peic mostra que as famílias estão deixando de realizar compromissos de longo prazo. O percentual de dívidas relacionadas ao uso de carnês, normalmente para compra de produtos da linha branca, como geladeiras, máquinas de lavar, fogões, recuou de 18% em fevereiro do ano passado para 16,7% no indicador deste ano. Quanto ao financiamento de carro, recuou de 14,5% para 12%. “(Os números) estão mostrando que as pessoas estão deixando de fazer esse tipo de dívida”, disse Hanson.
Endividamento permanece elevado
O número de famílias com dívidas recuou na passagem de janeiro para fevereiro, apontou a pesquisa: 60,8% das famílias estão endividadas ante os 61,6% observados em janeiro. Mas, frente ao mesmo mês no ano passado, o resultado foi um crescimento de 3 pontos percentuais.
A economista Marianne Hanson lembra que, em fevereiro de 2015, o percentual de famílias com conta em atraso havia alcançado o menor patamar da série histórica (17,5%). No entanto, em apenas 12 meses se viu uma mudança significativa e rápida, chegou a 23,3%.
Se por um lado houve uma queda na parcela média da renda comprometida com dívida, por outro houve aumento na parcela média de comprometimento da renda das famílias com o pagamento mensal dos serviços da dívida. Está em 31,5%, bem próximo a média histórica de 31,9%, observada em dezembro do ano passado. “Houve uma pequena melhora nos indicadores em fevereiro, mas eles continuam num patamar elevado quando comparados com os últimos anos, o que mostra que não há uma perspectiva tão favorável”, analisou.
Matéria retirada do site:
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