27/01 às 14h16 - Atualizada em 27/01 às 15h05
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta quarta-feira (27) que é possível investigar e punir empresas envolvidas em escândalos de corrupção sem que haja prejuízo à economia do país. Segundo ele, o combate à corrupção é indispensável e o trabalho deve ser feito com autonomia. O ministro disse também que o governo tenta impedir que a sociedade "pague a conta" dos atos criminosos.
Cardozo destacou que “a exemplo de todos os outros países do mundo”, as investigações não podem atrapalhar a economia. “Temos clareza que a sociedade jamais deve ser penalizada do ponto de vista econômico. Não é justo que a sociedade pague a conta pelos atos de alguns, que devem ser punidos", disse durante lançamento da segunda etapa de consulta sobre o Marco Civil da Internet. “A sociedade jamais deve ser penalizada do ponto de vista econômico", disse Cardozo
"O governo tem posição clara para que se evite que essas empresas, que podem continuar atuando e podem ser importantes para a economia do país, tenham suas atividades atingidas", acrescentou.
Tumor
Sobre o relatório anual da organização Transparência Internacional divulgado esta semana que aponta o aumento da percepção da população sobre a corrupção no país após denúncias na Petrobras, Cardozo voltou a comparar a corrupção a um tumor. "Os governos Lula e Dilma não agiram para esconder o tumor, mas para expô-lo. Esse é um ônus que todos correm quando a corrupção é descoberta. Ou seja, aumenta-se a percepção da corrupção quando ela é combatida. Quando as pessoas acobertam a corrupção, a percepção é de que ela não existe. A corrupção é percebida porque o governo não se acumplicia com a corrupção".
Para Cardozo, desde o mandato do ex-presidente Lula, o governo tem tornado "nua" a corrupção e criado mecanismos para combatê-la.
No levantamento, o Brasil aparece na 76ª posição, queda de sete posições no índice que inclui 168 países. O ranking é liderado pela Dinamarca. Os países latino-americanos considerados menos corruptos, segundo o relatório, são Uruguai (21ª), Chile (23ª) e Costa Rica (40ª).
Lava Jato
Cardozo não comentou a 22ª fase da Operação Lava Jato - denominada Triplo X - deflagrada hoje pela Polícia Federal. "A PF executa mandados hoje e não sei se já houve levantamento de sigilo sobre operação, portanto, não farei comentários sobre a operação em execução hoje. O que posso dizer é que a Polícia Federal está cumprindo o que foi determinado pelo Judiciário", disse.
Nesta etapa, segundo a Polícia Federal, está sendo apurada "a existência de estrutura destinada a proporcionar a investigados na operação policial a abertura de empresas off shorese contas no exterior para ocultar ou dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobras". Na operação de hoje, cerca de 80 policiais federais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e dois de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, Santo André (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Joaçaba (SC).
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