Redação A12. , 10 de Julho de 2015 às 10h18. Atualizada em 10 de Julho de 2015 às 10h23.
O Supremo Tribunal de Israel autorizou a construção de um muro de separação ao longo do Vale de Cremissan, em Belém, na Cisjordânia, decisão que coloca a comunidade cristã local em "estado de choque". A nova disposição contrasta com uma sentença anterior, emitida pelo mesmo órgão, no início de abril - apresentada como definitiva depois da disputa que durou quase oito anos - com a qual não se aceitava o percurso do Muro proposto pelo Exército e Ministério da Defesa israelense, e convidando as autoridades militares israelenses a encontrarem alternativas menos devastadoras para a população local.
Em declarações veiculadas pela Rádio Vaticano, o bispo auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém classificou a decisão de “incompreensível” e garante que vão ser tomadas as medidas necessárias para defender os direitos das famílias que, por causa do muro, vão perder o direito a grande parte das suas terras.
“Não podemos ficar calados, vamos reagir e esperamos ter sucesso, mesmo que tenhamos de tentar uma e outra vez”, garantiu o responsável cristão.
A decisão coloca em xeque a subsistência de pelo menos 58 famílias cristãs, do lado palestiniano, que vão ficar sem acesso a grande parte das suas terras de cultivo, que com a construção do muro ficarão do lado israelita.
A decisão afeta também dois mosteiros salesianos e um convento que, com o novo projeto, ficarão apenas acessíveis através da cidade de Beit Jala, do lado palestiniano.
Foto de: reprodução.
A questão já se arrasta desde 2006, sendo que
a comunidade cristã local e os seus líderes,
têm lançado um conjunto de apelos
internacionais sobre esta questão.
O exército israelita justifica a construção desta barreira com “motivos de segurança”, enquanto os palestinianos dizem que por trás desta medida está o propósito de “se apoderar de um conjunto de terrenos férteis, para os utilizar na expansão de dois colunatos israelitas”.
A questão já se arrasta desde 2006, sendo que a comunidade cristã local e os seus líderes, têm lançado um conjunto de apelos internacionais sobre esta questão. Os bispos católicos que integram a Coordenação das Conferências Episcopais para o apoio à Terra Santa também se associaram a esta causa, intercedendo pelos direitos das famílias cristãs do Vale de Cremissan.
Um dos elementos da Coordenação, dom Richard Pates, diretor da Comissão para a Justiça e Paz da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados-Unidos, escreveu uma carta ao secretário de Estado norte-americano. Na mensagem, o prelado pediu a John Kerry que “fizesse pressão sobre o Governo de Israel para que ele renunciasse a toda e qualquer estratégia tendo em vista da apropriação das terras palestinas na Cisjordânia ocupada”.
Dom Richard Pates realçava ainda que a questão do Vale de Cremissan “prolonga e acrescenta sérias consequências ao conflito entre Israel e a Palestina” e ameaça “os esforços” que têm sido desenvolvidos em vista de “um acordo de paz”.
Vera Baboun, prefeita de Belém, disse em outro momento, que o " projeto não respeita qualquer requisito de segurança, e visa unicamente separar as pessoas de suas terras para confiscá-las e ampliar a área dos assentamentos israelenses que já ocuparam naquela área a maioria dos territórios palestinos". De acordo com a prefeita, o efeito da política israelense de expropriar terras nessa área tão delicada dos territórios palestinos favorecerá que "dentro de poucos anos toda a área seja sufocada pelo Muro, e os primeiros a deixá-la serão os cristãos".
Fonte: Agência Ecclesia e Agência Fides.
Texto retirado do site: http://www.a12.com/noticias/detalhes/cristaos-chocados-com-construcao-de-muro-de-separacao-no-vale-de-cremissan
Link encurtado: http://adf.ly/1KgQx2
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