Por Marília Ribeiro, 29 de Janeiro de 2015 às 13h00. Atualizada em 29 de Janeiro de 2015 às 14h08.
Educar os filhos para uma vida financeira consciente tem se tornado cada vez mais desafiador. São tantas as ofertas nas ruas, nos programas de TV, nas escolas, e em tantos outros lugares de convivência de uma criança, que os pais precisam estar preparados com argumentos e exemplos para driblar os anseios dos filhos.
“Não há como falar em educação sem citar o exemplo. Se os pais querem ensinar um valor aos filhos deverão necessariamente viver este valor. Pais que gastam demais em produtos supérfluos precisam começar a rever seus hábitos antes de querer ensinar qualquer coisa aos filhos sobre consumo” enfatiza a psicóloga Marcela Reis de Siqueira.
Uma dúvida frequente dos pais é sobre quando começar a ensinar aos filhos o que é ou não necessário ter/comprar. Marcela Reis esclarece que, desde muito cedo, é importante conversar com as crianças, e que elas compreendem muito mais do que os adultos imaginam, basta utilizar uma linguagem acessível para ter muitos ganhos.
Keli Aparecida dos Santos Gomes, mãe de um menino de quatro anos, procura conversar com o seu filho explicando que ele deve se preocupar em ser feliz, dividir os brinquedos com os amigos, ser educado e ajudar as pessoas, pois de nada adianta ter todos os brinquedos e ser sozinho e triste.
Outra forma de ajudar a criança a entender o valor do dinheiro é pedir que ela pague a conta, ou ainda estabelecer uma mesada , no entanto, esse recurso, não deve ser usado como punição, e sim como instrumento de educação. O Economista e professor da Universidade de Taubaté (SP) Luiz Carlos Laureano da Rosa reforça que não devemos relacionar a mesada com o boletim escolar ou com mau comportamento e nem com tarefas dentro de casa.
Laureano esclarece que a mesada pode ser instituída a partir dos três anos, quando a criança começa a entender o que é gastar e guardar. Dos 6 aos 10 anos, o dinheiro deve ser semanal para que a criança não se atrapalhe com um volume maior de recursos. A partir dos 11 anos, a mesada pode fazer jus ao nome e ser, enfim, mensal. Entre 11 e 14 anos apresente os primeiros produtos bancários e entre os 14 e 18 anos introduza noções sobre investimentos.
Seguido dessas atitudes, está também a importância de estimular a criança a anotar o quanto gastou da mesada e se conseguiu economizar.
Mãe de três filhos - de 12, 09 e 2 anos, Joice Morais de Jesus afirma que sua preocupação ao educar os filhos é dar limites a eles ensinando a pensar no amanhã, a respeitar as pessoas e seus direitos e deveres. E quando questionada se compra tudo o que eles pedem, Joice foi firme em dizer que é importante ensinar que nem tudo eles podem ter e nem fazer. “Procuro ensinar sobre a nossa realidade financeira e religiosa.”
"Crianças precisam aprender que escolhas são parte da vida”. Psicóloga Marcela R. de Siqueira
A igreja também tem a sua contribuição para a formação das crianças sobre finanças. Segundo a catequista Marcia Moreira, durante os ensinos, que acontecem uma vez por semana, procura mostrar para as crianças, através dos exemplos de Jesus, que “todos somos iguais perante Deus e não é pelo que se tem, mas pelo que se é que entramos no Reino de Deus”. E acrescenta dizendo que é importante ensinar a partilhar, a ter amor e respeito ao próximo.
O Papa Francisco, em sua visita a Coreia do Sul, em agosto de 2014, falou sobre o materialismo que asfixia os autênticos valores espirituais durante a celebração da missa da Assunção. "Possam os cristãos desta nação combater a atração do materialismo que asfixia os autênticos valores espirituais e culturais, assim como o espírito de concorrência desenfreado que gera egoísmo e conflitos".
A psicóloga Marcela Reis reforça que a educação financeira é uma grande aliada para a vida dizendo que “a criança aprende que nem sempre o dinheiro dá para satisfazer todos os nossos desejos de uma única vez. Crianças precisam aprender que escolhas são parte da vida”.
O economista Laureano destaca que dentro da educação financeira também é muito importante ensinar a criança a ser generosa, doando o que não for mais necessário antes de épocas como o Natal, aniversário e Dia das crianças: “Os recursos naturais do mundo são escassos, ensine a criança a consumir com moderação, para que seja possível ter o suficiente, para todos, para sempre."
Texto retirado do site: http://www.a12.com/noticias/detalhes/generosidade-e-consciencia-resultados-de-uma-boa-educacao-financeira-que-deve-comecar-na-infancia
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