16/04/201609h25
O sumo pontífice e líderes ortodoxos percorrem ilha grega transformada em símbolo da crise migratória na UE. Acentuando a condição humana dos refugiados, Francisco quer levar dez deles para a Itália, em gesto simbólico.
A primeira viagem oficial do atual líder da Igreja Católica, em meados de 2013, o levou à ilha italiana de Lampedusa. Neste sábado (16/04), o papa Francisco voltou a visitar um outro local tornado símbolo da miséria dos refugiados na Europa: Lesbos, no norte do Mar Egeu.
No auge do afluxo de migrantes do Oriente Médio, no penúltimo trimestre de 2015, mais de 7 mil pessoas chegavam diariamente às praias da terceira maior ilha da Grécia. Lá também foi instalado o primeiro centro de acolhimento e processamento para os migrantes, um assim chamado hotspot.
Paralelamente a Francisco, desembarcaram também em Lesbos o líder espiritual dos 300 milhões de cristãos ortodoxos do mundo, o patriarca ecumênico Bartolomeu, e o chefe da Igreja Ortodoxa na Grécia, o arcebispo de Atenas Jerônimo 2º.
Depois de saudar os cerca de 250 refugiados atualmente alojados em Lesbos almoçar com alguns eles, os três líderes religiosos lançaram coroas de flores no mar, prestando orações pelas vítimas da jornada até a ilha grega. Aos refugiados do acampamento de Moria, o papa assegurou: "Vocês não estão sozinhos."
Mais tarde, Francisco, Bartolomeu e Jerônimo 2º assinaram uma declaração conjunta, apelando para que a proteção de vidas humanas seja meta prioritária, e para que a comunidade internacional conceda asilo temporário aos necessitados.
Gestos simbólicos pró-refugiados
Dezenas de migrantes reuniram-se no local da visita portando cartazes improvisados com dizeres como: "Papa, vós sois nossa esperança", "Por favor, salvem o povo yazidi", "Nós também somos humanos" e "Moria é uma prisão da UE".
Segundo o canal estatal de TV grego ERT, Francisco propôs-se a levar consigo para a Itália oito refugiados sírios e dois afegãos. A inclusão desses últimos no grupo tem caráter simbólico, já que a União Europeia cessou automaticamente de considerar como refugiados os migrantes do Afeganistão, excluindo-os das nacionalidades cujos requerimentos de asilo são passíveis de aprovação.
A visita do papa a Lesbos coincide com a implementação de um controverso acordo entre a UE e Ancara, com o fim de sustar o afluxo migratório para a Europa. Ele prevê a detenção e deportação imediata para a Turquia dos que aportem em território grego nos barcos de traficantes - a menos que sua solicitação de asilo na Grécia tenha sido deferida.
Do roteiro de Francisco consta também a visita a um hotspot cujas condições foram criticadas por grupos de direitos humanos. Antes de partir para a Grécia, o pontífice declarara no Twitter: "Refugiados não são números, eles são pessoas que têm rostos, nomes, histórias, e precisam ser tratados como tal."
AV/afp/ap/dpa
Matéria retirada do site:
Link encurtado: http://adf.ly/1ZVFsE/diversos-temas
Nenhum comentário:
Postar um comentário